terça-feira, 27 de dezembro de 2011

FLORA E VEGETAÇÃO DA SERRA TALHADA: MONUMENTO NATURAL, PAISAGÍSTICO E HISTÓRICO QUE MERECE SER PRESERVADO!

(Por André Laurênio de Melo, Professor Adjunto da Unidade Acadêmica de Serra Talhada/UFRPE)

A serra Talhada, localizada no semiárido do estado de Pernambuco, é o mais importante atrativo paisagístico da cidade de Serra Talhada. Pela sua posição, história, riqueza fisionômica e biológica, tem grande potencial para o turismo ecológico-educativo, embora este segmento seja pouco explorado na área. Neste contexto, a flora e a vegetação de caatinga que recobre a serra merecem especial atenção pela diversidade de formas, cores e interessantes aspectos ecofisiológicos, que englobam a perda de folhas nos períodos de estiagem e as florações chamativas, especialmente dos ipês-roxos e das diversas espécies de Ipomoea, rosadas ou azuis, plantas conhecidas localmente como salsas.
Com cerca de 810 m de altura máxima, a serra Talhada quase faz sombra sobre a cidade homônima. Entretanto, a relação dos moradores desta cidade com o referido monumento, ora é de admiração, ora de indiferença, chegando mesmo a passar despercebido apesar do seu enorme tamanho. A carência de estudos científicos realizados na região dificulta o interesse pela diversidade biológica ali encontrada, visto que o elo entre a academia, as escolas e a população em geral, é o conhecimento que pode ser disseminado e despertar as consciências.
A serra Talhada é recoberta pela caatinga, também conhecida como vegetação caducifólia (que perde as folhas periodicamente) espinhosa. Nesta formação, predominam arbustos e árvores de pequeno porte, microfilos (com folhas pequenas) e com evidente perda de folhas no período de estiagem. O estrato herbáceo (composto por ervas e pequenos arbustos) é rico e efêmero, não resistindo a seca e, rapidamente, aparecendo quando começam as chuvas, graças a um eficiente e vasto banco de sementes deixado no solo na estação chuvosa anterior.
Um estudo recente desenvolvido pelo biólogo Rodrigo Soares Cordeiro, realizado na porção norte da serra Talhada registrou 60 espécies de árvores, duas delas, a aroeira (Myracrodruon urundeuva) e a braúna (Schinopsis brasiliensis), consideradas ameaçadas de extinção pelo Ministério de Meio Ambiente. São comuns também na vegetação espécies conhecidas como marmeleiro (Croton blanchetianus), pata-de-vaca (Bauhinia cheilantha), velame (Croton rhamnifolioides), aroeira (Myracrodruon urundeuva) e catolé (Syagrus oleracea). Outro grupo de plantas se sobressai na paisagem, são as cactáceas, como o mandacaru (Cereus jamacaru), o xique-xique (Pilosocereus gounellei), o facheiro (Pilosocereus chrysostele), a palmatória (Tacinga palmadora), o quipá (Tacinga inamoena) e o rabo-de-raposa (Harrisia adscendens) e, as bromeliáceas, especialmente a macambira (Encholirium spectabile), que forma vastas touceiras onde se destacam grandes pendões florais.
A despeito da importância da serra Talhada como monumento natural, a sua vegetação vem sofrendo crescente depredação, seja pela pressão da urbanização e suas culturas e criações que já chegaram aos pontos mais altos da serra, seja pela retirada seletiva de madeira para construção de cercas e fabricação de carvão.
É importante que a serra Talhada seja preservada em toda a sua magnitude, pela natureza e pelo homem, mas não apenas para usufruto de poucos. A população que a rodeia só poderá se orgulhar do seu mais imponente monumento se ele for mantido e forem sanados os problemas com a exploração desenfreada dos seus recursos naturais.

VAMOS TRANSFORMAR A SERRA TALHADA EM UMA SALA DE AULA AO AR LIVRE!

Nenhum comentário:

Postar um comentário